CUIDADO, ABANDONO E MISSÃO

Primeira Leitura: Jó 7,1-4.6-7
Salmo: 146,1-2.3-4.5-6 (R. Cf. 3a)
Segunda Leitura: 1Cor 9,16-19 22-23
Evangelho: Mc 1,29-39

         

A sintonia com a Palavra de Deus nos coloca em atitude de escuta, espera e ação. Escutar quais são os ensinamentos, esperar na atuação de Deus na nossa história e agir para que a Palavra não fique apenas no ensinamento e na espera.
          O Evangelho (Mc 129-39) deste 5º Domingo do Tempo Comum nos apresenta Jesus a caminho, escutando e atendendo as pessoas que estão ao redor, bem como orientando aos discípulos. É interessante perceber de que Jesus não deixa de atender a ninguém, mas olha para os outros povos que também precisam dele.
          A primeira Leitura (Jó 7,1-4.6-7) apresenta o lamento de Jó na sua dor e sofrimentos humanos. Retrato do dia a dia do personagem bíblico na sua dor e angústia apresentando como é o seu cotidiano e chamando a atenção para o sopro da vida.
          O Salmo de Resposta (Sl 146,1-2.3-4.5-6 (R. Cf. 3a)), canta a atenção de Deus para com a humanidade. Ele cuida das feridas do povo. Ele conhece a cada um, cada uma pelo nome. A tristeza e o desamparo visto e vivido pelo ser humano é cuidado por Deus.
          A Segunda Leitura (1Cor 9,16-19 22-23), chama a atenção para a missão de anunciar a Boa Nova do Evangelho. Não é status, é missão, é gratuidade.
          A liturgia da Palavra deste quinto domingo do tempo comum nos aponta três dimensões importantes para a nossa fé: cuidado, abandono e missão. Jesus toma a iniciativa de cuidar da sogra de Pedro e ajuda-la num momento de dor pela qual ela está passando. Também toma a inciativa de cuidar de todos os que acorrem a ele para serem curados. A cura operada por Jesus está carregada da fé da pessoa que almeja a cura. Portanto, a iniciativa pode ser dele, mas depende de nós ter a fé necessária para o que almejamos aconteça em nossa vida. Jó sente-se “perdido” em sua existência por causa da dor física e do abandono de Deus, presente em outro trecho do livro. No trecho de hoje Jó sente que é necessário cuidar da vida mesmo que ela seja um sopro.
          A segunda dimensão, o abandono, está mais presente no Salmo Responsorial, mas se encontra também nas duas leituras e no Evangelho. O abandono aqui mencionado não é o abandono físico, mas aquele que nos permite estar protegidos no colo de Deus. Particularmente gosto dessa expressão pela extensão que ela representa: estar no colo de Deus é sentir-se amparado por Ele em todos os momentos da vida. A sogra de Pedro, os que foram curados por Jesus, o apóstolo Paulo e Jó sentiram-se abandonados em Deus. Só assim que conseguiram vencer as limitações que os impediam de realizar as tarefas na vida, sejam elas de servir aos irmãos ou servir na evangelização. Abandonar-se em Deus é sentir-se envolvido por amor. Infelizmente, em muitos casos, é só esse o amor que é encontrado. Porém, como falar para uma criança na catequese ou nas falas corriqueiras que Deus é amor se a experiência de amor não existe na vida dessa criança? Como falar da experiência de abandono se nem colo ela recebeu? E assim, essa falta de amor, pode estar presente em nós adultos se não superarmos as barreiras e reinventarmos a nossa existência.
          E não menos importante a terceira dimensão que é a missão. A Segunda Leitura deixa bem claro essa explanação e a conecta com o Evangelho e a Primeira Leitura e estes nos unem a nossa missão no mundo. Paulo afirma que a pregação do Evangelho para ele é uma necessidade e não simplesmente um cumprimento de lei. Estar a serviço do Evangelho é estar a serviço da missão deixada por Jesus para seus discípulos e deles para a Igreja.
          Sendo assim, cabe olhar para nossa missão no mundo como batizados e batizadas. E aqui não farei nenhuma explanação maior, apenas deixo um questionamento para que cada um possa responder a partir de sua vivência de fé e de missão: a minha missão, no mundo e na Igreja, está em favor da vida? Que tipo de compromisso eu tenho com a missão de Jesus Cristo?

Imagem: Disponível em: <https://url.gratis/CSDGu>. Acesso em 07 fev. 2021. 

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