TESTEMUNHO ESPANTOSO DE DEUS NO MUNDO

31 de janeiro de 2021 - Quarto Domingo do Tempo Comum.
Primeira Leitura: Deuteronômio 18,15-20
Salmo Responsorial: 94(95)
Segunda Leitura: 1 Coríntios 7,32-35
Evangelho: Marcos 1,21-28

             

Avançamos no caminho do tempo chronós enquanto mergulhamos no tempo kairós. Assim, dentro desse tempo limitado refletimos o quarto domingo do Tempo Comum que nos faz imergir na Palavra de Deus que orienta nossa vida.
             O Evangelho (Mc 1,21-28) apresenta três situações presentes na vida de Jesus: na sinagoga em dia de sábado a ensinar, a expulsão de um demônio e o espanto do povo. A Primeira Leitura (Dt 18,15-20) apresenta a ligação de Deus com o povo por meio de Moisés apontando ao povo o surgimento de um novo profeta o qual deverá ser escutado pelo povo, pois falará em nome de Deus. Porém, o profeta escolhido deve se manter fiel ao seu chamado e a sua missão. Em resposta o Salmo 95(94) convida para não fechar o coração e ouvir a voz de Deus. A Segunda Leitura (1Cor 7,32-35) parece, a primeira vista, polêmica por tratar de um assunto que apresenta o Apóstolo Paulo tendo uma preferência para os solteiros, aos casados.
             O tempo que vivemos hoje é um tempo diferente do tempo de Jesus e das primeiras comunidades, é um tempo de desafios, desencontros, valorização demasiada do ter em detrimento do ser. Olhando para essa realidade percebemos o quanto a Liturgia da Palavra desse Quarto Domingo do Tempo Comum se encaixa perfeitamente, pois a Palavra de Deus permanece para sempre.
             Trago aqui três pontos para refletir com vocês: a presença da quietude de Deus em nossa vida, a profecia como dom e compromisso com o mundo trazendo a vida presente no Amor e a valorização do ser para que o ser de Deus seja no mundo.
              A expressão quietude de Deus não significa que Deus não se importa com a humanidade e não tem amor por ela. Pelo contrário, Deus ama a humanidade e cuida dela mais do que imaginamos. Assim como Jesus cuidou daquele homem na Sinagoga, Deus cuida, em Jesus, na ação do Espirito Santo, a humanidade com sua presença silenciosa esperando ser notado. Sim, é isso mesmo, Deus espera que a humanidade o perceba no seu meio. Ele caminha no meio da humanidade, mas nem sempre a humanidade o percebe. De nada adianta o espanto momentâneo se a fé não é o “espantoso testemunho” da presença de Deus no mundo.
              Para que o “espantoso testemunho” de Deus no mundo seja real é preciso uma profecia que anuncie a vida e denuncie o mal. Jesus mandou o demônio presente no homem ir embora. A expulsão desse demônio pode ser vista como a libertação de tudo aquilo que fere e machuca o profundo da existência humana, sobretudo os mais pobres. Sendo assim, Deus dá a orientação de como deve ser a atuação profética: falar em nome Dele e não o usar para falar de si. Assim, pergunto: existem falsos profetas no mundo em que vivemos? Sim, existem falsos profetas, sobretudo aqueles que usam o nome de Deus para chegar ao poder e depois de chegar esquecem de Deus e matam a vida com atitudes irresponsáveis. A profecia é o sinal do “espantoso testemunho de Deus” no mundo. Que tipo de testemunho eu dou? Fechar o coração e não ouvir a voz de Deus que cala no grito de dor da humanidade não é colocar Deus acima de tudo, mas é colocar eu acima de tudo e de todos, além de seguir falsos profetas que dizem falar em nome de Deus, mas as atitudes são de morte física, morte existencial pelo crescimento da fome, da miséria e do desemprego. Viver a fé seguindo os falsos profetas é não escutar a voz de Deus e viver uma fé falsa e enganosa.
             É por isso que Paulo convida para vivermos a intensidade do ser e não a atrapalhada intensidade do ter. Quando deixemos que em nossa vida o ter está acima do ser, não vamos ouvir a voz dos que clamam. Vamos ouvir a voz do mundo, enquanto dispersão de Deus, afastando o ser de Deus do mundo. Não é Deus que nos afasta do mundo, somos nós que o afastamos do mundo. Assim, trazendo a polêmica fala de Paulo, podemos entender que ele nos orienta para a valorização do ser onde quer que nos encontramos, seja vivendo o celibato ou não. O ser é mais importante para a humanidade seja o ser de Deus no mundo, cuidando e valorizando a vida nos diversos mundos presentes no mundo.
             Diante desse desafio da Palavra de Deus de hoje, como vou viver? Esse é o questionamento que vamos levar para essa semana lembrando que precisamos ser profetas e profetizas para que o Amor seja valorizado e amado. Vamos ser sinal “espantoso de Deus no mundo vivendo a intensidade do ser lá onde estamos para que Deus seja no irmão e irmã sem excluir ninguém. Vamos amar a vida e não matar a vida. Vamos ser vida e não ser morte. Vamos cuidar da vida e não deixa-la perecer.



Edemilton dos Santos
Pós-graduado em Cultura Teológica, Gestão Escolar e Docência no Ensino Superior.
Graduado em Ciências Sociais, Teologia e Filosofia.

Fonte da imagem: Disponível em: <encurtador.com.br/airuQ>. Acesso em 31 de jan. 2021.

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