ESCUTAR E VIVENCIAR A PALAVRA

23 de janeiro de 2021 – Terceiro Domingo do Tempo Comum 
1ª Leitura - Jn 3,1-5.10 
Salmo - Sl 24,4ab-5ab.6-7bc.8-9 (R. 4a.5a) 
2ª Leitura - 1Cor 7,29-31 
Evangelho - Mc 1,14-20 

       Vivenciamos hoje, 23 de janeiro, o Terceiro Domingo do Tempo Comum. Nesse Domingo o Papa Francisco nos convoca a olharmos com carinho a Palavra de Deus. “Com o Motu Proprio “Aperuit illis", o Santo Padre estabelece que “o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”[1]. Com essa convocação o Papa Francisco quer nos chamar a atenção para a importância da Palavra de Deus em nossa vida cotidiana. Estamos no início do Ano Cívico e início do Tempo Comum. Chamar a atenção para a importância da Palavra de Deus nesse momento torna-se um caminho a ser percorrido durante o ano todo. 
           O Evangelho deste Domingo faz um apelo: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!” (Mc 1,15), um convite: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens” (Mc 1,17) e uma atitude: “E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus” (Mc 1,18). 
           Na Primeira Leitura igualmente percebemos essas três dimensões: convite ao profeta Jonas: “Levanta-te e põe-te a caminho da grande cidade de Nínive e anuncia-lhe a mensagem que eu te vou confiar” (Jn, 3,2), uma atitude: “Jonas pôs-se a caminho de Nínive, conforme a ordem do Senhor” (Jn 3,3), um apelo: “Ainda quarenta dias, e Nínive será destruída” (Jn 3,4) e, novamente, uma atitude: “Os ninivitas acreditaram em Deus; aceitaram fazer jejum, e vestiram sacos, desde o superior ao inferior” (Jn 3,4). Diante disso Deus perdoou a cidade. 
           O Salmo Responsorial canta um apelo: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada” (Sl 24,4a-4b). 
           A Segunda Leitura faz um apelo para não nos apegarmos demasiadamente nas pessoas e nas coisas materiais, pois tudo passa. Não quer dizer, no entanto, que não devemos valorizar as esposas, esposos, filhos, pais, amigos... quer dizer que precisamos ter consciência de que um dia eles nos deixaram, nós os deixaremos, pois somos passageiros. Precisamos ter fé em Deus e viver a intensidade da vida valorizando-os enquanto temos o contato físico para não nos arrependermos quando for tarde. 
           A Liturgia da Palavra deste Domingo nos interpela para escutar a Palavra de Deus, sentir seus apelos no mundo e ter uma atitude de acordo com o que a Palavra nos orienta. Estar a serviço do Reino de Deus é ter a clara opção evangélica em favor da vida. Não só a clara opção, mas a coerente vivência para tal. De nada adiante sentir o apelo, ouvir o convite, fazer a ação e no cotidiano viver de forma contrária ao que se mostra no templo. A ganância e o individualismo de hoje nos levam a ter distanciamento das pessoas e de Deus. 
           Para entender a dinâmica da mensagem da Palavra de Deus deste Domingo é necessário viver como o samaritano, apresentado por Lucas, e não como os doutores da Lei. Isto é, estender a mão em defesa da vida e prestar um serviço de amor a humanidade, ao menos às pessoas que estão ao redor, e não estar com a Bíblia na mão e prestar um desserviço pastoral e comunicacional numa falsa moral vivendo uma postura dentro dos templos e nas falas e na realidade ter atitudes que “matam”.  
           Estar a serviço do Reino e estar a serviço de Cristo pobre que se fez pobre para nos enriquecer na fé e na sintonia do amor misericordioso do Pai na ação do Espírito Santo. 

Edemilton dos Santos 
Pós-graduado em Cultura Teológica, Gestão Escolar e Docência no Ensino Superior. 
Graduado em Ciências Sociais, Teologia e Filosofia. 


[1] Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-09/papa-francisco-institui-domingo-palavra-deus.html>. Acesso em 23 jan. 2021.
Imagem: Disponível em: <https://juventudeitaporanga.wordpress.com/2015/01/25/reflexao-do-evangelho-do-3o-domingo-do-tempo-comum-marcos-114-20/#jp-carousel-4279>. Acesso em 23 jan. 2021. 

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