Estamos no dia 24 de dezembro. Faltam apenas 7 dias para
findar o ano de 2019. Celebramos amanhã, dia 25 de dezembro, o dia de Natal.
Nossas redes sociais ficam cheias de lindas mensagens desejando um Feliz Natal
e um bom ano de 2020. Nas nossas comunidades lindas celebrações, algumas até
teatralizadas fugindo do mistério Pascal. No final todos se abraçam e desejam
Feliz Natal. No entanto é preciso pensar um pouco sobre o significado desta
saudação encarnada na história em que vivemos. Para ajudar nessa reflexão os
textos bases serão as leituras da Liturgia da Solenidade do Natal do Senhor –
Missa da Noite.
No Evangelho (Lc 2,1-14) Lucas narra o nascimento de Jesus,
a luz que inundou a noite de Belém. A Primeira Leitura (Is, 9,1-6) apresenta a
vinda de uma menino-luz para salvar a humanidade, o Deus-Conosco. A Segunda
Leitura (Tt 2,11-14) explana a vida de fé do cristão. O Salmo Responsorial (Sl
95) canta as maravilhas de Deus para com a humanidade.
A família de Nazaré é uma família pobre. José vive, de certa
forma, como estrangeiro em Nazaré. Maria é de Nazaré. Casada com José precisa
seguir o esposo para o recenseamento ordenado por César Augusto, Imperador
Romano. Ela está grávida. Os dias para o nascimento do filho estão se
completando. No caminho de Belém Maria sente as dores do parto e procura lugar
nas casas, nas hospedarias, mas nenhum lugar encontra. Resta-lhe apenas um
lugarzinho no estábulo, no meio dos animais. É lá que nasce o Filho de Deus. Os
humanos os rejeitaram, os animais O acolheram. Os pastores recebem primeiro o
dom da Boa Nova: a luz que veio para iluminar as trevas: o Messias, o Filho de
Deus, o Esperado torna-se humano e vem revelar a presença de Deus na humanidade.
Os céus se alegram e descem à terra para cantar o Hino de Louvor a Deus em
Jesus, se Filho nosso Salvador.
As demais leituras vêm reforçar essa ideia da Luz, da
atenção de Deus para com a humanidade e do compromisso de ser esse sinal de luz.
A promessa do Primeiro Testamento, revelada parcialmente, se revela plenamente
no Novo Testamento na pessoa do Menino Jesus na sua vida, missão, morte e Ressurreição
e se contempla na revelação sacramental vivida pelos primeiros cristãos e por
nós hoje. E isso é muito desafiador, pois exige comprometimento com o projeto
de Jesus. Ser cristão não é ser meio cristão, mas ser cristão por inteiro
assumindo a missão de batizados defendendo a vida, sendo multiplicadores da Luz
do Menino Deus.
E assim, depois desse breve olhar para estas leituras bíblicas,
é preciso trazê-las para a nossa vida, para a nossa realidade. Para isso
precisamos nos fazer algumas perguntas: eu me intitulo cristão? O que eu tenho
feito para ser testemunho deste nome? Vou desejar feliz Natal? Como vou
desejar: de forma cristã, vivenciando este momento, ou simplesmente para cumprir
um mero formalismo? E assim poderíamos fazer muitas outras perguntas.
O que hoje celebramos é a vida, é a luz que desce do céu
para iluminar a humanidade em trevas. Sim é isso mesmo. A humanidade está em
trevas. O ódio supera o amor. A morte supera a vida. As ofensas superam o
diálogo. A ganância supera o humano. A cultura de morte supera a cultura do
amor e assim por diante. A pergunta que fica é: como desejar Feliz Natal diante
de uma realidade cruel e desumana em que vivemos? Ir a missa, ou ir a Igreja
para celebrar esse momento, desejar Feliz Natal, fazer discursos lindos seja em
mensagens ou homilias e defender um cultura de morte e opressora é no mínimo
ser contraditório ao testemunho cristão.
Portanto, para desejar Feliz Natal eu preciso me comprometer
com o Projeto de Jesus Cristo. E qual é esse projeto? Basta visitar os textos
sagrados dos Evangelhos para perceber que Ele enfrentou um sistema opressor que
oprimia o seu povo lutando por eles, sendo voz e vez dos mais pequenos e
humilhados; incluiu os que estavam excluídos; amou os que estavam odiados;
abraçou os que estavam exilados da sociedade. Enfim, estendeu a mão para
levantar os caídos. Isso tudo fez com que Ele fosse odiado pelos poderosos a
ponto de o crucificarem como um malfeitor. Sendo assim, ser cristão de gabinete
não é seguir o projeto de Jesus Cristo. Desculpe, mas não dá para ser cristão
sem comprometer com a defesa da vida.
Finalizo estas palavras dizendo a você que leu este texto:
seja luz na família, no trabalho, na comunidade e na sociedade. Sem holofotes,
apenas com atitudes de luz. Feliz Natal cristão com as bênçãos do Menino Deus.
Prof. Esp. Edemilton dos Santos.
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